o ódio à barba
Por: Milton L. Torres
Juliano escreveu o Misopogon nos últimos meses de sua permanência na cidade de Antioquia, no início do ano 363. A obra, classificada como sátira, foi escrita pouco antes da morte de Juliano no campo de batalha. Nela, o imperador lança mão do recurso da antífrase, um artifício retórico de ironia por meio do qual se diz exatamente o oposto do que se pretende. O livro constitui uma reação aos incidentes ocorridos durante as comemorações do ano novo romano. Durante as celebrações, enquanto Juliano subia os degraus do templo de Fortuna para oferecer o sacrifício pelo bem-estar do Império, um sacerdote pagão sofreu um colapso e veio a óbito, o que intensificou a tensão entre os pagãos e o clero cristão, que considerava a festividade como demoníaca. Na obra, o imperador assume, com convicção, a superioridade da barba filosófica e a reivindica, sobretudo, para o filósofo cínico. O Misopogon apresenta, portanto, o imperador como um filósofo cínico com propensões ao neoplatonismo, convicto de sua virtude política e absolutamente avesso ao cristianismo.
Livros com menos de 70 páginas são grampeados; livros com 70 ou mais páginas tem lombada quadrada; livros com 80 ou mais páginas tem texto na lombada.
Deixe seu comentário: