Por: Alex Gruli
“Letargia” começou a surgir através do convite da Companhia Os Satyros, em 2007, pra minha participação no 1º. DramaMix, evento de dramaturgia ligado ao maior acontecimento teatral da cidade de São Paulo, as Satyrianas.
Letargia, de acordo com a medicina, é a perda temporária e completa da sensibilidade e do movimento por causa fisiológica, ainda não identificada, levando o indivíduo a um estado mórbido em que as funções vitais estão atenuadas de forma tal que parece estarem suspensas, dando ao corpo a aparência de morte.
O paciente jaz imóvel, os membros pendentes sem rigidez alguma, a respiração e o pulso ficam praticamente imperceptíveis, as pupilas dilatadas e sem reação à luz. Há casos em que o paciente, apesar da inércia absoluta, tudo percebe e compreende, mas se encontra totalmente impossibilitado de reagir de qualquer forma.
Antigamente, devido a falta de recursos da medicina, havia casos de pessoas dadas como mortas e que, posteriormente, no caso de exumações, verificou-se que o cadáver se encontrava em posição diferente da qual fora colocado no caixão ou de tampas arranhadas, sugerindo que tais pessoas foram enterradas vivas durante um estado letárgico. Atualmente a medicina reconhece como mortas somente as pessoas que não apresentem nenhuma atividade cerebral, o que impossibilitaria tal fato.
O objetivo do texto é traçar um paralelo entre os sintomas descritos para o doente letárgico e o ser humano nas relações sociais e amorosas contemporâneas. Identificar tais sintomas no dia a dia das pessoas e evidenciar a maneira como se tornam letárgicas com a passagem do tempo, até que algo impactante o suficiente faça com que elas voltem a reagir aos acontecimentos a seu redor.
Infelizmente, essa reação às vezes é demorada demais e, assim como acontecia antigamente, acordamos já enterrados.
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