Um homem por volta dos quarenta anos narra as memórias de sua vida ao lado dos avós maternos com os quais teve a oportunidade de conviver desde a primeira infância. Os registros resgatam histórias e estórias vividas e contadas principalmente pelo seu avô, pontuadas por intervenções espirituosas da avó. O narrador busca referências de um passado distante e vago — que insinua a ausência dos avós — como se eles houvessem já morrido. Os registros decorrem em parte de anotações que coletou e em parte das lembranças daqueles casos que repetidamente ouviu. Há um conflito na mente do narrador, uma vez que os avós ainda estão vivos. O relato ganha profundidade e densidade com a insinuação das suas ausências, o que faz com que o narrador escreva e comente lenta e reflexivamente, respeitando os lapsos de memória que antes que mais tarde acabarão coincidindo com a real ausência deles. Como já foi insistentemente dito e constatado, à morte a falibilidade humana não falha; à sorte que o valha. O desfecho se dá quando numa das suas inúmeras viagens de aventura, reais ou imaginárias, o narrador que aguardava a morte dos avós para então publicar as suas memórias, morre em um acidente banal, já no retorno para casa. Meses depois, o avô, já sem a sua esposa, tem acesso aos escritos do neto e acaba sendo aquele que finaliza a escrita, referindo-se ao neto no tempo passado imperfeito.
Livros com menos de 70 páginas são grampeados; livros com 70 ou mais páginas tem lombada quadrada; livros com 80 ou mais páginas tem texto na lombada.
Deixe seu comentário: