Quando a lenda se torna real e o real se transforma em lenda

Por: Rodrigo Boechat

Na pequena e esquecida cidade de Japiim, às margens do Rio Moa, no Acre dos anos 1982 e 1983, o caminho de três pessoas se cruzam: Sávio, um pastor que perdeu a fé em Deus e busca recuperá-la por todos os meios; Raul, um médico que perdeu tudo para a ludomania, menos sua fé na Medicina e busca reconstruir sua vida; e Venâncio, um delegado que perdeu a fé na humanidade e em si próprio e busca redenção.

Os personagens descobrem que aquele que deveria ser seu maior inimigo, por diferenças ideológicas, religiosas ou pessoais, podem se tornar seu aliado mais confiável. Aprendem que nada nas pessoas pode ser encarado de forma absoluta e que as injustiças nunca poderão ser completamente vencidas, mas que precisam ser sistemática e incansavelmente combatidas. Assim, o pastor e o padre local se unem na luta contra o “paulista” que busca oprimir os seringueiros e devastar a floresta, enquanto o delegado conservador e o jornalista comunista se aliam na busca por justiça a uma prostituta que teve o irmão assassinado por um jagunço. Ao mesmo tempo, a professora local, filha do prefeito-latifundiário, tenta usar de sua influência, sem rompimento, para minimizar toda a tragédia, contando, para isso, com a ajuda do médico com compulsão para jogo.