Por: Elizeu Antônio de Souza

Apesar do título sensacionalista, este livro é na verdade um desmascaramento de uma notória farsa do final do século XIX. Leo Taxil, um anticlericalista francês, converteu-se subitamente ao catolicismo em 1885 e escreveu vários livros nos quais afirmava que a Maçonaria era uma conspiração satânica mundial. Taxil fundou um jornal antimaçônico. Em 1887, Taxil teve até uma audiência com o Papa Leão XIII, que posteriormente sancionou a sua campanha antimaçónica.

Arthur Edward Waite desmascara Taxil sistematicamente neste livro, citando imprecisões factuais, plágio e absurdos absolutos. Waite está em sua melhor forma aqui, espirituoso, sarcástico e utilizando amplo conhecimento em primeira mão de grupos místicos e maçônicos vitorianos para demolir Taxil. De interesse é o Capítulo VII, onde Waite fornece um resumo detalhado da narrativa de ficção popular de Taxil, que nunca foi traduzida para o inglês. É incrível que alguém levasse essa história a sério, naquela época ou agora.

Em 1897, um ano depois de Waite ter publicado este livro, Taxil anunciou numa conferência de imprensa que a sua conversão era uma fraude, que os livros que escrevera eram completas invenções e que os publicara para embaraçar a Igreja Católica. Seu motivo para atacar os maçons foi porque eles rejeitaram seu pedido para se juntar a eles. Diana Vaughan, a personagem central de seu livro O Diabo no Século XIX, também era ficção – Diana Vaughan era o nome de uma de suas datilógrafas.

Infelizmente, por mais absurdo ou desacreditado que seja, este é o meme que se recusa a morrer. Tanto Taxil quanto Waite foram citados fora do contexto inúmeras vezes por anti-maçons, teóricos da conspiração e simplesmente paranóicos para sustentar suas crenças de que Lúcifer é secretamente adorado pelos maçons. É crucial que qualquer pessoa que esteja investigando o assunto (tal como ele é) leia este livro na íntegra para ter uma perspectiva.