Por: Frederico A. P. Brandt

Se, por acaso, ao invés de pensarmos no Caribe e redondezas, como uma grande praia turística, e nos fixarmos no tráfico de armas e pessoas, além de contrabando diversificado, vamos deixar de imaginar águas turquesas para pensar em aviões descarregando carga clandestina, em alto-mar, para bandos de piratas ou traficantes recolherem as encomendas, usando barcos, submarinos e veículos anfíbios.

Não é raro que a marinha de alguns países, ou suas guardas-costeiras, flagrem navios pesqueiros disfarçados desovando caixas de munição, armamento de calibre dimensionado, artefatos militares restritos, explosivos, mísseis, e até pessoas, que são vendidas para diversos fins: para serem escravos em alguma lavoira na América Central; empregados domésticas exploradas na Ásia, corpos para serem retirados e vendidos os órgãos...

Mas o lucro mesmo vem das armas. De sua fabricação e distribuição, ilegais. Na África, são trocadas por diamantes; na América do Sul, por cocaína e derivados. O dinheiro, no fim das contas, deixa mais ricos os empresários do ramo. São fábricas de fuzis e projéteis, no leste europeu e EUA, que, por debaixo dos panos, fornecem armamento para os exércitos de países ditatoriais africanos, para milicianos nas montanhas da fronteira com o México, para os narcos latino-americanos.

Ninguém esperava que as conexões do submundo há décadas tivessem rotas alternativas, de transporte, tendo acumulado uma quantidade impensável de poder de fogo, fazendo brotar uma violência civil inaguentável.

No futuro, provocações entre duas nações que têm ogivas atômicas, vão resultar em um extermínio, localizado, no começo, para depois envolver outras nações e terminar por deixar o nosso planeta um lugar bastante hostil. Tanto, que com o passar das gerações a convivência entre os povos vai estar tão desigual e deteriorada que alguns vão preferir morar em órbita da Terra, em estações agigantadas.