Por: Neuza Holander

"A vida foi dura com aquela menina que saiu da infância para uma vida de adulta forçada pelas circunstancias, Mas... Laurinha se aperfeiçoou na arte da sobrevivencia e cada experiência para ela era um tijolinho na construção do seu saber.

Suas aventuras a levou até aquele prostíbulo, onde conheceu Gaspar. De imediato sentiu-se atraída por aquele homem bonito e enigmático e tratou de se aproximar para conquista-lo.

Estava carente e precisava de amor, mas o que ele deu a ela foi muito mais do que esperava...!

Uma história cheia de mistério e sentimentos que mostra que mesmo no fundo do poço, é fácil encontrar a saída, bastando pra isso, observar os sinais e os anjos temporários colocados em nossas vidas para nos ajudar na caminhada.

Ainda não fiz uma autobiografia, mas não nego que Laurinha possa ter algo de mim, porque ela tem um pouquinho de muitas mulheres por aí... Daquela menina que mora na casa ao lado ou até mesmo pode estar ali, pertinho de nós... O tema do livro O SÁBIO DO PORTÃO E A PROSTITUTA desperta a visão sobre a violência cotidiana e silenciosa praticada contra criança e adolescentes e o seu reflexo no futuro da mulher. De forma casual, o livro fala também do descaso e da hipocrisia social, de quem tudo vê mas nada faz. Uma realidade que apesar de maquiada, é sempre a mesma, ontem e hoje!" A autora.

“Ele fechou as portas. E então começaram os barulhos estranhos.

- Para pai! Eu não aguento mais isso!

- Fique quieta!

Pensei com tristeza, tampando os ouvidos pra não ouvir.

- Papai está batendo nela de novo...

Não entendia porque papai judiava tanto de minha irmã, que já começava a ficar mocinha, sempre que a mãe saía... E ouvia ele dizer:

- Se contar alguma coisa será muito pior pra você!

Coisas parecidas acontecia com mamãe também. Como meu quarto ficava encostado no quarto dos meus pais, acordei algumas vezes com o choro de mamãe que implorava.

- Não...! Por favor, pare! Você está me machucando...!

- Sou seu marido!”

“Me tornei uma bela mulher com cara de criança logo muito cedo e o desenvolvimento do meu corpo creio eu que foi forjado pelas circunstancias...!”

“Alternei meus dias entre prostíbulos e ruas, até ganhar certa experiência... Passei fome, senti frio e dormi em bancos de rodoviária e praças...”

“E assim eu me tornei uma jovem (quase uma criança) prostituta!”

“Mesmo assim continuei a sonhar com meu príncipe! Não importava como chegaria de carro, ou a pé… mas eu morava no bordel! Fazia sexo por dinheiro!”