Abrolhos da terra

Por: Marcilio Massad Persici

A estória inicia no sul do Estado do Espírito Santo na década de 1920.

As tropas de burro e tropeiros cuidavam do transporte de mercadorias, especialmente do café. Eles partiam da fazenda de Hygino, pousavam no rancho do Herculino e da sua mulher Jordelina, pessoa religiosa que acreditava na capacidade de Cabocla - descendente dos índios Puris – de operar milagre e cura.

O simpático imigrante e mercador libanês Khalil, residente no Rio de Janeiro, incansável viajante, com sua pequena tropa de burro percorre o interior do Espírito Santo oferecendo mercadorias de todo tipo. Assim, não só leva novidades como também informações políticas da capital federal, enquanto sua mulher Kathifa permanece no Rio vendendo hortaliças na feira-livre, cujas verduras floresciam no Morro da Rocinha.

A inimizade e disputa política entre os ex-aliados coronel Moraaes e Coronel Tibúrcio têm como causa, do desentendimento entre ambos, a recusa da bela Joaquina, filha do coronel Moraes em se casar com o Dr. Jerônimo, filho do coronel Tibúrcio. Joaquina se negou a se submeter ao controle moral rígido da época e não abriu mão do seu grande amor Karl, daí mudou-se para o Rio de Janeiro, aonde ganhou fama nacional e internacional como atriz e bailarina sob o pseudônimo de Soraya Hassan.

Na ocasião vigorava no país a política dos governadores ou café com leite, fruto do acordo entre Minas e São Paulo para eleger o Presidente da República. Tal prática fomentou o surgimento dos coronéis. O embate político, os coronéis e seus jagunços influenciavam o pleito eleitoral capixaba provocando tiroteio, graves ferimentos e morte.

A Revolução Constitucionalista de 1932 em São Paulo deixou uma marca dramática na família do sapateiro Astolfo Caldeira, pai de Pedro Caldeira, amigo de Karl e paixão de Joaquina. Enquanto isso, apesar dos projetos e promessas, a zona rural prosseguia abandonada com seus moradores trabalhando duro, mas esquecidos e a margem da política de integração nacional.