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CORAÇÃO SELVAGEM

BELCHIOR

Por: Isaac Soares de Souza

A música sempre foi a trilha sonora de minha frágil vida, em momentos de angústia velada, de alegrias poucas, do cansaço físico pelo maldito trabalho diário ou como forma de desenvolver os sentidos e burlar a tristeza, a música de todos os ritmos, sentidos, apelos e segmentos foi tocada e cantada e ouvida e, assim, feito uma melodia mal acabada e triste, prossegui nesta vereda de espinhos e obstáculos durante seis décadas da minha vida. No presente, ainda posso me considerar um sujeito de sorte, pois tenho caminhado, embora cambaio e trôpego, são e salvo e forte e tenho comigo pensado, Deus é brasileiro e anda sempre do meu lado, tal e qual Belchior, seu enviado. Quando escuto qualquer canção da lavra poética e filosófica desse bardo sobralense, é como se eu ouvisse um clamor vindo lá das plagas secas e arenosas do deserto, tão perto de mim, pois ouço vindo no vento e no mormaço cuspido pelo som de uma canção, o aroma de uma nova estação e o homem de Coração Selvagem, me incita a ter a convicção fremente de que tenho pressa de viver, pois o meu coração também é frágil, mas acalantado pelo canto que se fez alma e que pede calma e que incute em mim essa vontade incontida de deixar tudo de lado, caminhar sozinho o meu caminho. Nestas parcas e simplórias páginas, não esperem encontrar inseridas nenhuma base biográfica e/ou a tentativa de expor filosoficamente a obra magnânima que Belchior construiu, nem mesmo me arvoro em destrinchar aqui a poesia do gênio sobralense e nem pretendi nestas páginas, adentrar ao motivo que o levou a um longo exílio de si mesmo. A vida e a obra anexas ao significado de tudo o que Belchior almejou dizer em suas gloriosas poesias musicadas por ele ao longo dos anos e outras que contaram com parcerias inéditas e não menos interessantes quanto as próprias de sua lavra pessoal e única. Tarefa tão minuciosa e difícil de ser realizada, deve ser delegada a família do artista, mesmo porque quaisquer biógrafos, por mais fiel que possa afigurar-se, cairia em equívocos imperdoáveis e sem nenhum alicerce, que não fosse passível de desmoronar. Conheci Belchior durante uma apresentação acústica realizada por ele, em 2001 na cidade de Araraquara-SP, ocasião em que lhe presenteei com um exemplar de meu livro Raul Seixas, O Metamorfônico. Belchior se mostrou extremamente simples e receptivo e ficara, pude notar em seu semblante, um tanto constrangido quando eu afirmei a ele que, neste mesmo livro, o primeiro que publiquei sobre Raul Seixas, que fora seu amigo e ídolo, havia citado o nome dele como um dos maiores nomes da historiografia da música brasileira. Belchior autografou um exemplar que me pertencia, posou comigo para várias fotos, dialogamos por alguns minutos e nos tornamos amigos. Ele retornou à Araraquara outras vezes, entretanto nunca mais nos encontramos cara a cara. Nosso ligamento continuou por meio de telefonemas esporádicos, de matérias que publiquei em jornais referentes ao trabalho dele. Até que ele desapareceu na poeira da estrada e não mais nos falamos. Portanto, não tenho nenhuma autoridade ou cacife para pretender escrever nenhum texto biográfico e não tenho capacidade nenhuma para discorrer sobre a obra magistral e única que Belchior nos legou e a qual, creio eu, será futuramente tão decantada, falada, ouvida e escrita, quanto a de Raul Seixas e outros ases da música brasileira, que partiram cedo demais para outra dimensão, talvez porque foram predestinados e enviados para que nos ensinassem a pensar e a viver e findas suas incumbências aqui neste mundo velho de guerra e de exploração humana, tivessem sido trasladados pelos deuses da arte. Me sinto imensamente satisfeito e orgulhoso, por manter um laço de amizade com a irmã de Belchior, Ângela Belchior, que ao lado de Estevão Zizzi, grande amigo do sobralense, a quatro mãos estão escrevendo a Biografia definitiva do Toin Carlos, nascido entre uma família de 23 irmãos. Ângela Belchior também foi muito ligada ao maluco beleza Raul Seixas e foi ela que instou e implorou para que o irmão, Belchior gravasse a música Ouro de Tolo. Eu apenas me arvorei em escrever estas parcas e simplórias páginas em tributo a Belchior, tão somente para expressar minha admiração pelo trabalho imensurável e genial de Belchior e para que as novas gerações, que descobrirão com o passar dos anos, a importância da poesia e da música deste cearense de coração selvagem, que nasceu com pressa de viver. Várias letras de suas músicas figuram nestas páginas e algumas informações sobre a vida e a carreira do gênio esboçado, do filho da dor, exatamente para que os que não conhecem absolutamente nada referente a Belchior, possam iniciar os primeiros passos rumo ao portal da mais rica poesia.

*Isaac Soares de Souza

Impresso
R$ 54,86

Tema: Artes, Filosofia, Música, Artista Individual, Rítmos & Blues Palavras-chave: arte, belchior, ceará, poesia, sobral

Características

Número de páginas: 220
Edição: 1(2019)
Formato: A5 148x210
Coloração: Preto e branco
Acabamento: Brochura c/ orelha
Tipo de papel: Offset 75g

Livros com menos de 70 páginas são grampeados; livros com 70 ou mais páginas tem lombada quadrada; livros com 80 ou mais páginas tem texto na lombada.




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