O PRESENTE DE NATAL

Por: SVNLITTIERE

Youssef Al-Maktoum verificou as peças que se

encontravam espalhadas no interior da caixa de papelão.

Eram aproximadamente 22 horas de uma noite fria no

início do mês de novembro.

Ele sabia exatamente o que faria com cada peça, e

onde colocaria o artefato após a montagem.

Participara das reuniões e recebeu todas as instruções

necessárias.

Seus companheiros se reuniam uma vez a cada mês,

em locais diferentes a cada encontro onde determinavam cada

missão e os novos passos a serem tomados.

Youssef foi apresentado ao grupo através de um

amigo chamado Samir, que viera morar no mesmo bairro há

alguns meses.

Este também veio do Oriente Médio fugindo das

diversas guerras e agora, queriam fazer alguma coisa para se

vingarem dos “culpados” pelo seu sofrimento.

O grupo era bem diversificado, havia pessoas de todos

os tipos, inclusive alguns naturais do país que por algum

motivo estavam revoltados com o “sistema” querendo mostrar

todo seu descontentamento.

A noite estava muito fria e as nevascas ainda não

começaram a cair naquele período, mas por conta do frio, o

melhor a fazer era manter as janelas fechadas e as luzes do

pequeno apartamento apagadas para não chamar a atenção.

As cortinas eram escuras e pesadas, deixando passar

apenas um leve filete da luz de um poste da rua por uma

pequena fresta.

As instruções foram revisadas, as peças checadas e

agora faltava apenas montar o dispositivo de ignição, juntar a

carga explosiva e cumprir a missão.

Logo a recompensa seria alcançada.

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Após revisar cada detalhe, Youssef guardou todo o

material na caixa, depositou-a sobre o armário do quarto

empestado pela fumaça dos cigarros.

Logo depois, desceu até a porta do pequeno edifício

para fumar mais um cigarro.

Com uma bota acolchoada, luvas grossas nas mãos,

um moletom por baixo da jaqueta pesada e um gorro de frio,

olhando para o céu, pensava em como seria recebido no céu ou

no inferno, ou mesmo se iria para algum lugar, se teria direito a

um monte de virgens.

Mas isso não era o mais importante e sim o seu desejo

de vingança e de passar a mensagem de descontentamento.