Nessa obra, sugiro refletir sobre a “loucura nossa de cada dia”, tanto a loucura que necessita de cuidados especializados ("loucura técnica"), quanto aquela que expressa um modo de ser ("loucura social"). A “loucura social” tem ganhado maior visibilidade, desde as eleições nacionais de 2018, até à atual pandemia do novo coronavírus. Durante esse período, atitudes e declarações particulares e divergentes sobre tais assuntos, têm sido taxadas, por parte da população, como “problemas de cabeça”, “loucura”, “doença mental”. Paralelamente, vem ocorrendo retrocessos técnicos provocados pelos vetos na legislação que regula a política de saúde mental. Nesse paralelo, parece haver uma co-legitimação para segregar, discriminar e violentar, que se inicia na forma mais simples de entender saúde mental, e que se estende ao modo mais complexo de fazer saúde mental. Diante disso, me inquieto e questiono: estaríamos reescrevendo a história contemporânea da loucura, retomando percursos obscuros de outrora? E, de que forma e em que medida?
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