Por: Clóvis Da Rolt

Os textos aqui reunidos contemplam diversos temas e interesses. Alguns já foram publicados em coletâneas e periódicos, outros são inéditos. Se entre eles há uma unidade, ela se refere ao exercício da reflexão pela via da modalidade ensaística. É próprio do ensaio o tom mais intimista, calcado nos recursos da memória, da intuição, da admiração e da bagagem intelectual de quem o produz. Assim, o leitor verá que o ensaio constitui um texto mais aberto, transbordante, que tenta se libertar das petrificações metodológicas, dos esquemas formais e dos clichês textuais acadêmicos – pelos quais, por obrigações profissionais, sinto-me às vezes sufocado.Terra de exílio é lugar e não-lugar. Habitação precária. Nosso mundo de conquistas, invasões e derrotas. Aqui estamos, nesta terra de homens e monstros, dores muitas e esperanças mínimas. Palco para uns, deserto para outros. Terra de exílio é nosso mundo rachado, onde cultivamos frutos envenenados. Terra de caminhantes em transe, gente sem ouvidos, caçambas entulhadas de línguas ferinas. Aqui, nesta terra, foram produzidos os ensaios que compõem este livro. Pelo tempo que estive envolvido em sua composição, a vida soprou diferente.