Por: Luis Carlos Carneiro
Neste começo de milênio, são evidentes as profundas mudanças políticas e sociais que vêm ocorrendo em todo o mundo, com repercussões significativas sobre o campo da saúde. Mudanças do perfil e distribuição das doenças e a intensificação das desigualdades sociais vêm impondo desafios, com vistas a uma mais adequada conceitualização do processo saúde-doença, de definição de boas práticas de prevenção e controle, de diagnóstico e tratamento das doenças e de promoção da saúde.
Assim, a construção de uma sociedade mais saudável e mais justa não pode ignorar o papel estratégico da Epidemiologia. Ela tem se defrontado com novos desafios, como o de produzir conhecimento em ritmo compatível com a transformação da sociedade, com o uso de recursos da era tecnológica, adequado às necessidades de um público em constante transformação cultural e comportamental e a uma sociedade que cobra eficiência, ética e transparência das suas instituições.
Percebe-se, hoje, a crescente demanda por pessoal qualificado nos serviços como o PSF para o manejo, análise e interpretação de dados epidemiológicos, nas diversas regiões do país, em especial naquelas com menor concentração de recursos humanos com formação adequada.
Todos esses fatos levaram a um aumento da demanda pela utilização da Epidemiologia, com um olhar renovado, direcionado às necessidades dos serviços de saúde atuais.
Em sintonia com estes desafios, o objetivo deste trabalho foi o de confrontar os diversos autores para se obter respostas às seguintes perguntas: qual é o conceito atual de Epidemiologia? Teria ela um objeto de estudo próprio? Seria a Epidemiologia uma ciência ou apenas uma ferramenta metodológica auxiliar de outras ciências sociais? Qual seria o campo de aplicação da Epidemiologia em Saúde Coletiva? Faremos este mister por meio de revisão bibliográfica, com textos que estão indexados na Bireme e Scielo.
Não há intenção de esgotar esta temática, sendo nosso objetivo fornecer um panorama geral, pontuando conceitos básicos e questões que suscitem curiosidade suficiente para seu aprofundamento. O argumento que o anima é de que as práticas de saúde são o resultado de uma longa acumulação de saberes, técnicas e até de lutas entre grupos de interesse. Os sistemas de saúde do mundo de hoje apresentam aspectos convergentes do ponto de vista de políticas sociais mais inclusivas, difusão de avanços tecnológicos e contradições geradas pela transformação da doença em mercadoria altamente geradora de valor, com a conseqüente reemergência, então, mais recente de discursos enfatizando a promoção e a prevenção.
É nesse sentido, que o debate e discussão sobre assuntos pertinentes à Epidemiologia se faz tão necessário neste momento crucial de redefinição de valores em saúde coletiva na sociedade contemporânea.
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