Por: MARCO ANTONIO ARAUJO RODRIGUES
Ao atender seu pedido que lhe é dirigido, Òlòrùn tem frequentemente em
vista recompensar a intenção, o devotamento e a fé daquele que ora. Eis
porque a prece do homem de bem tem mais merecimento aos olhos de
Deus, e sempre maior eficácia. Porque o homem vicioso e mau não pode
orar com o fervor e a confiança que só o sentimento da verdadeira piedade
pode dar. Do coração do egoísta, daquele que só ora com os lábios, não
poderiam sair mais do que palavras, e nunca os impulsos da caridade, que
dão à prece toda a sua força. Compreende-se isso tão bem que,
instintivamente, preferimos recomendar-nos às preces daqueles cuja
conduta nos parece que deve agradar a Òlòrùn, pois que são melhores
escutados.
Se a prece exerce uma espécie de ação magnética, podemos supor que o
seu efeito estivesse subordinado à potência fluídica. Entretanto, não é
assim. Desde que os Espíritos exercem esta ação sobre os homens, eles
suprem, quando necessário, a insuficiência daquele que ora, seja através de
uma ação direta em seu nome, seja ao lhe conferirem momentaneamente
uma força excepcional, quando ele for julgado digno desse benefício ou
quando isso possa ser útil.
O homem que não se julga suficientemente bom para exercer uma
influência salutar, não deve deixar de orar por outro, por pensar que não é
digno de ser ouvido. A consciência de sua inferioridade é uma prova de
humildade, sempre agradável a Òlòrùn, que leva em conta a sua intenção
caridosa. Seu fervor e sua confiança em Òlòrùn constituem o primeiro passo
do seu retorno ao bem, que os Bons Espíritos se sentem felizes de estimular.
A prece que é repelida é a do orgulhoso, que só tem fé no seu poder e nos
seus méritos, e julga poder substituir-se à vontade do Eterno.
O poder da prece está no pensamento, e não depende nem das palavras,
nem do lugar, nem do momento em que é feita. Pode-se, pois, orar em
qualquer hora, a sós ou em conjunto. A influência do lugar ou do tempo
depende das circunstâncias que possam favorecer o recolhimento. A prece
em comum tem ação mais poderosa, quando todos os que a fazem se
associam de coração num mesmo pensamento e têm a mesma finalidade,
porque então é como se muitos clamassem juntos e em uníssono. Mas que
importaria estarem reunidos em grande número, se cada qual agisse
isoladamente e por sua própria conta? Cem pessoas reunidas podem orar
como egoístas, enquanto duas ou três, ligadas por uma aspiração comum,
orarão como verdadeiros irmãos em Òlòrùn, e sua prece terá mais força do
que a daquelas cem.
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