Por: Rui Werneck de Capistrano
Eu imediatamente fui fisgado
Werneck me mandou, por e-mail, aos poucos, essa história feita de fragmentos que se arranjam sobre um silêncio, ou sobre um branco. É um mundo de pequena classe média, mais para baixo do que para cima.
Eu imediatamente fui fisgado. Queria saber o que viria depois, os acontecimentos, os destinos. As informações vêm naquilo que o pintor conta. Seus raciocínios, sua sensualidade, o erotismo que extravasa por tudo, permeia esses silêncios brancos. Eles criam intuições capazes de formar uma visão das coisas, trazidas dentro do que o contador percebe e alcança. Esse pintor de paredes tem jeito de gente boa; incapaz de resistir às mulheres, navegando entre obrigações, devoções e adultérios.
Werneck foi mandando, pedaço por pedaço, o Nem bobo. Grudei, fiquei esperando cada vez mais, e entristeci quando acabou.
Achei que devia publicar. Ele resistiu um pouco, mas acabou cedendo. Vale a pena. Tudo tem um tom muito justo, e um fragmento puxa o outro. Não é preciso fazer análise complicada para se perceber o interesse da história, o quanto ela envolve o leitor. Basta o primeiro fragmento:
— Acho engraçado. O cara me pergunta:
o que vai deixar pra ela? Vai deixar a casa e tudo?
Acho engraçado, sim.
Pronto. Está ali, evidente, tangível, quem fala e de onde fala. Depois, o resto traz mais, sempre certeiro, sempre inspirado.
Jorge Coli, historiador da arte
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