Revista Interdisciplinar da FAEC
Por: Ano 1, n. 1, jan./jun. 2020.
Editorial
Já é lugar-comum, afirmar que a Educação e a Saúde passam, hoje, por uma crise de gravidade nunca antes vista, em terras brasileiras. Em qualquer instância do social, a crise se apresenta como síntese de todos os maus governos que pautaram a História desse país — notadamente, daqueles governos que ficaram compreendidos entre os “Anos de Chumbo” da Ditadura Militar e os novos neoliberais. As desigualdades, no Brasil, têm raízes profundas e antigas. A nação brasileira foi construída sobre a exploração escravista e sobre a má distribuição de renda. Mesmo depois da República, as dinâmicas sociais opressoras tiveram continuidade — maquiadas, evidentemente, com dispositivos engenhosos. E é importante perceber que essas dinâmicas opressoras são reproduzidas e continuadas em todas as instituições, inclusive a Escola e os Estabelecimentos de Saúde.
É nesse contexto que o docente que forma profissionais de Saúde tem que trabalhar. E o seu papel não se limita ao de um transmissor de conhecimentos técnicos; ele deve também tentar reverter a mentalidade opressora que habita a nossa formação — e, dessa forma, tentar contribuir para a transformação da nossa realidade. O verdadeiro papel do docente — não apenas daquele que transita na formação de profissionais de saúde, mas de todo e qualquer docente — é o de gerar uma nova consciência, é o de emancipar o homem, tornando-o um sujeito histórico ativo, participativo, cônscio da sua importância e da sua condição.
Para tanto, faz-se necessária a construção de um ideal pedagógico, para a Saúde, gerado em coletividade, que atenda às demandas das classes menos privilegiadas e que esteja comprometido com os ideais democráticos, humanitários e humanistas. Um ideal pedagógico iminentemente político e participativo, voltado para a cidadania. Esse novo ideal pedagógico deve nascer do sonho de todos aqueles que fazem a Educação, no campo da Saúde, mas deve partir, principalmente, do docente. Não adianta esperar que algum grupo ou partido político, que eventualmente ocupe o Poder Executivo, tome a iniciativa; esse papel cabe a todos nós, educadores e pesquisadores da Saúde. Nesse sentido, cada docente, nesse imenso Brasil, deve se convencer de que o professor é o sal da terra, a origem e o fundamento de toda proposta libertadora. Talvez, quando atingirmos essa consciência, o estado das coisas seja transcendido naturalmente....
Assim, desejamos boa leitura e muitas reflexões!
Equipe coordenadora
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