Por: ano 2, n. 5, jan./mar. 2020
E d i t o r i a l
A Ciência é uma instituição gerada na modernidade, visando o domínio da natureza em prol do benefício de toda a humanidade. Nesse tento, estruturou-se a atividade científica sobre linhas metodológicas bem definidas, onde coube ao cientista o papel de observador neutro, distanciado, coletor de evidencias que comprovassem as leis que regem o universo. Essa suposta neutralidade – idoneidade, isenção – na obtenção das evidências científicas, fomentou o mito de que a Ciência era capaz de trazer à tona a verdade definitiva sobre os fenômenos. Essa visão determinista da ciência impediu o Ocidente de compreender a atividade científica em todas as suas nuanças, o que facilitou o processo de cooptação da ciência pelo modo de produção, desvirtuando-a do seu escopo original: trazer benesses aos seres humanos.
Talvez o grande equívoco cometido em relação à Ciência tenha sido a limitada compreensão sobre a sua natureza. A tradição epistemológica moderna – e em grande parte também a pós-moderna – concebeu a atividade científica como método e como instituição, mas não a pensou enquanto linguagem. A Ciência como linguagem contém estrutura semântica, sintática e lexical. Possui orientação ideológica, posto que é subjetiva. Assim como a Arte, a Cultura, a Religião, também está impregnada de crenças, preconceitos, pontos-de-vista. Nesse sentido, a Ciência aproxima-se de uma construção simbólica, gerada no interior dos seres humanos e expressa através de meios específicos – a própria ritualística científica. Como produto antropológico, a única destinação da atividade científica é a intervenção na sociedade. Boa leitura!
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