DIÁRIO DE UM SOBREVIVENTE

Por: ANDREI RISSUTO

Porque escrever um diário, ou melhor, por que escrever uma autobiografia?

Em resumo, preciso entender o que está se passando em meu interior, já que me deparei com ações que cometi e que desafiam a minha personalidade...

Era uma noite quente e seca, estava eu decidido a dar fim às minhas angústias...Primeiro comprei dois saquinhos de veneno, depois um maço de cigarro (não fumava há anos), isqueiro e um refrigerante, até pensei em comprar uma vodca (também não bebo há anos), mas desisti depois de longos minutos observando-a; não queria morrer bêbado.

No dia anterior, havia postado um soneto de agradecimento e despedida numa rede social, por isso, não foi estranho quando recebi a ligação de minha mãe perguntando de estava tudo bem; isso mexeu comigo, mas eu estava tomado por um vazio que me consumia. Então, disse para ela que estava tudo bem e disse para minha esposa que estava melhor.

Tinha que ser naquele dia, pois minha filha dormia na casa dos meus pais. (Se visse seu lindo rostinho de bebezinha sumiria a minha coragem)

Tive uma noite carinhosa com minha esposa, como se fosse uma despedida, e então esperei ela dormir. Devido a apneia que tenho há anos não conseguimos dormir juntos. Tudo silencioso, era a hora.

Peguei um copo de festa todo colorido, coloquei tranquilizante e o veneno, e por fim o refrigerante. Parecia uma poção mágica. Fumei uns três cigarros para tomar coragem e bebi. Liguei a TV em um canal de música de rock leve e adormeci.