prólogo de um novo mundo

Por: Jorge André Sevillis Almeida

Aquele humilde jogador de Futebol precisava muito ganhar aquela partida. Ele não podia permitir

que seu irmão deixasse de ver aquela vitória antes que partisse. Caso isto acontecesse, seria impossível

viver com uma consciência tranquila.

Felizmente ele sabia que a partida estava ganha. Alguém já lhe havia dito. Sim, de certa forma, o

resultado da partida já havia sido previsto por uma pessoa que enchia seu coração de esperança. Um

amigo conquistado em uma situação bem atípica em um ambiente que permeava a loucura. Um hospital

mais do que movimentado.

O amigo que gerava fé naquele jogador também acalentava os corações de muitos seres humanos,

dos mais variados perfis. Fato até curioso pois, mesmo diferentes umas das outras, essas pessoas

encontravam naquele hospital sentimentos bem parecidos.

Uma dependente química, um garoto pobre da favela, um homem rico e bem sucedido, uma filha

que morria de saudades do pai, um velho depressivo, um homem odioso e seus dois filhos. Muitos

destinos cruzados naquele quarto de hospital.

Todos tinham uma ligação especial com Isaac, o guru de São Rafael, que dava importantes

conselhos para o dia-a-dia de qualquer um, provido de muita sabedoria.

Tal propriedade intelectual, porém, não garantia a resposta para todas as suas perguntas. Uma delas,

especialmente, deixava-o bastante atordoado. Por que ele, mesmo deitado ali, naquela cama, tetraplégico,

sem poder se mexer, podia sentir, misteriosamente, exatamente o que se passava com a vida de outra

pessoa, especial, que estava a quilômetros de distância, do outro lado da cidade?