Por: Dan Cristoff
Sou um ansioso. O tempo passou, mas mesmo depois de uma porrada de ansiolíticos, remédios para depressão, pílulas para dormir, florais e muita terapia, a maldita doença ainda está lá. Escondida no baixio das bestas. Esperando para sair. Uma pandemia mortal e a ordem do meu chefe para que eu realize a última palestra, antes do lockdown, em um congresso em Santo Izidro, cidade vizinha onde ocorreu o primeiro óbito pelo vírus, fazem tudo explodir de vez. Carregando o protesto da minha esposa, grávida de nosso primeiro filho, tomo o caminho para a estação de trem. O chão já não é mais chão. As estatísticas revelam o número de infectados, lembrando a todos que o Apocalipse chegou. O governo expede declarações desastrosas e padronizadas. O bafo da morte sopra na minha nuca. A fé está presa em uma instituição para pacientes insanos. Meus familiares e amigos estão enclausurados em suas casas, com medo de contágio. A pressão no trabalho não diminui com a crise. Pessoas são demitidas. A economia entra em colapso assim como as Unidades de Tratamento Intensivo nos hospitais. Ouço teorias da conspiração e histórias sobre monstros, enquanto pego os trilhos rumo ao meu destino.
Livros com menos de 70 páginas são grampeados; livros com 70 ou mais páginas tem lombada quadrada; livros com 80 ou mais páginas tem texto na lombada.
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