Por: ADEILSON NOGUEIRA

Sinais e maravilhas nos céus; pragas e fomes horripilantes na terra; a população - do mais alto ao mais baixo - ajoelhada em pavor, nas igrejas, nos campos, apavorada com a vinda do Juízo, quando este Dia da Ira se transformou em Dia da Perdição, e o homem encarou seu destino eterno.

Com tais pinceladas os historiadores românticos de meados do século XIX pintaram suas imagens escabrosas de um mundo febril com expectativa no século X e energizaram com alívio no décimo primeiro.

Os abastados daqueles anos, temendo por suas almas, deram grandes parcelas de terra ao clero, especialmente aos monges, desencadeando assim a grande explosão da construção de igrejas.

Não há base bíblica para o ano 1000: representa não uma data, mas um período (Apocalipse 20: 7). Em segundo lugar, quase não temos evidência de tal quadro: metade dos textos sinistros de cerca de mil são falsificações do século XVI, ou descrevem eventos em datas diferentes: 909, 950, 1010, 1033. De fato, dada a raridade com que os documentos chegam em Anno Domini, parece que os contemporâneos não sabiam nem se importavam com a data. E se, por acaso, alguns poucos evidenciassem interesse, eles não poderiam ter certeza quando era devido. Não há documentos sérios indicando que as pessoas estavam “paralisadas pelo terror” do próximo dia do Senhor no ano 1000.