Por: Caio Fernando Nicolette

Apresento aos leitores uma história comovente do início ao fim. Haverá trégua, surgirão confortos, como carícias, que tentam sanar marcas deixadas por beliscões.

A história se passa em uma pequena comunidade pobre onde predomina o medo, a violência e a miséria, no ano de 2002. Esta é a história do menino - fruto de uma gravidez indesejada - que é espancado dia e noite pela mãe, que o obriga a ficar sempre nos semáforos de trânsito pedindo esmola, para poder comprar drogas. Seu nome é Miguel. Ele tem apenas nove anos e, assim, sua vida se resume a não encontrar sentido nas coisas.

As agressões não cessam em momento algum. Com o passar do tempo, os machucados formam um tipo de camuflagem no corpo da criança, que passa a ser observada de perto por pessoas que talvez possam ajudar.

Apesar das dificuldades, Miguel acredita no anjo da guarda que vê toda noite em seus sonhos, trazendo-lhe um enigma: Ele pode se salvar daquilo a hora que quiser, pode livrar-se da tortura no momento que desejar, basta criar um pouco de coragem. Vencer todos os receios e encontrar a semente da mudança parece ser a pedreira mais difícil. Mas não impossível.