Por: Jideon francisco marques

A arte de criar e treinar um animal de estimação está rapidamente se transformando em uma ciência em que o aluno é obrigado a aprender um vocabulário novo e complexo. Muitas das pessoas envolvidas nesta nova ciência parecem entender mais sobre análise estatística do que sobre as emoções envolvidas na criação de um cão de estimação bem comportado. A relação emocional que leva um cachorro abandonado a se tornar ouvidos de uma pessoa surda não pode ser definida por nenhuma fórmula científica. O mecanismo pelo qual um cão voluntariamente colocaria sua própria vida em risco para proteger a vida de seu dono desafia a análise científica.

Ao longo da minha vida, tive o privilégio de trabalhar com milhares de cães e com muitas organizações ligadas aos cães e ao seu treino. Conheci algumas pessoas notáveis que têm a capacidade de se comunicar com os cães com quem trabalham, não ensinando palavras de comando, mas expressando suas emoções. Também observei alguns dos sistemas de treinamento mecânico e científico mais modernos, usando palavras de comando em vez de expressões de emoção, falharem espetacularmente.

Quando vejo um excelente treinador trabalhando com um cachorro, é como ver um grande artista trabalhando com uma tela e uma paleta de cores. O artista usa a paleta para dar vida à tela, criando luz e sombra e, acima de tudo, tecendo sua emoção no próprio tecido da tela. Compare isso com a pintura por números... preciso dizer mais?

As palavras são muito específicas de uma cultura. Mesmo as culturas que compartilham o mesmo idioma não usam necessariamente as mesmas palavras para expressar ideias. Vindo da Inglaterra, tenho que mudar muitas das palavras que uso quando dou palestras nos EUA, para evitar não só causar confusão, mas às vezes dizer algo que pode ser ofensivo. Quando dou palestras na Índia por meio de um intérprete, muitas palavras perdem seu impacto devido à maneira como são traduzidas para um idioma diferente. As palavras escritas são uma tentativa de registrar pensamentos, mas a palavra escrita por si só parece um substituto pobre para a palavra falada expressa com emoção.

Este livro é mais uma expressão das emoções envolvidas em criar e treinar o cão dos seus sonhos, em oposição ao uso de meras palavras em uma página. Os cães não conseguem ler palavras, mas não há dúvida de que podem ler emoções. Nos dias de Leonardo da Vinci, quando os cães eram apreciados por suas habilidades e também por seu companheirismo, as pessoas comuns eram mais capazes de decodificar o comportamento de seus cães e realmente entendê-los e se comunicar com eles. Hoje em dia, esse entendimento parece estar perdido. Bons treinadores de cães nascem com a habilidade de se comunicar com seus companheiros e não podem aprender essa habilidade em uma sala de aula. Assim como aprender a tocar um instrumento musical, qualquer um pode aprender a ser um bom adestrador de cães. Mas, assim como grandes músicos têm uma paixão imensa por seu ofício, um grande adestrador de cães precisa buscar inspiração em seu interior.