Quem dera que fosse mentira, a verdade desta cidade.

Por: Breno Ferreira Da Silva

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As ruas guardam muitos segredos, os pensamentos, após rodopiar nas mentes, caem nelas como cinzas após a destruição. E as ruas desta cidade, de Tapiramutá, guardam os segredos de muitos homens.

Um deles é Bernardo, um jovem que almeja ser rico e que encara, verdadeiramente, a liberdade financeira como uma espécie de "lei áurea", que o livrará da escravidão.

Apolo é outro indivíduo, que vive no município e, cansado de tudo e todos, deserta da igreja em que pastoreava para ser um pensador. Procurando o anonimato, como um dia fez o apóstolo Paulo.

Eugênio enfrenta uma terrível depressão após o suicídio de Angela, sua ex-namorada que o traiu com todos os homens da cidade - em busca do rompimento do casulo e da vitória sobre a "cultura machista do patriarcado burguês e judaico-cristão"; o que ela não consegue encontrar. Após um aborto, ela tenta reconciliação com Eugênio, mas este, outrora inconsolável, conhece outra.

Temos a pugna de morte entre a multidão bestial em tempos de política. O partidarismo descarado e a politicagem nojenta e desmedida em prol de Carlos (um comunista que promete reerguer a cidade, como Jesus disse reerguer o templo em três dias); ou de Mauro, seu oponente político, um nepotista medíocre e violento, que o espanca em dado momento da história.

Ainda há uma figura interessante na trama: Rodrigo, um pregador da cruz. Um cristão verdadeiro que, mesmo sendo um pecador horrível, prega o arrependimento e a remissão dos pecados. Mas ele não é ouvido.

O senhor Cláudio, o patrão de Bernardo; Lourenço, o louco do lenço, e sua namorada burra; a velha Laodicéia e o miserável Catapimbas, estão aí para infernizar a vida de Bernardo.

E o que dizer do homem moderno? Timóteo, que encarna tão bem essa vacuidade e vaidade hodierna, está aí para demonstrar que nada existe, nada é, tudo se vai.