Por: Naílle conceição

Cartas, e-mails, anotações e páginas dos diários de mulheres e agregados de uma família durante décadas marcadas por traumas, saudades, paixões e angústias de forma sensível e introspectiva. Fragmentos de um mosaico confuso dessas pessoas através do tempo, mudanças sócio-políticas e culturais. Toda família tem um alguém distante, perdido, problemático, adorável, engraçado talentoso, intrigante, um pouco de tudo e ao mesmo tempo nada para poder se lembrar em uma tarde fresca e recontar uma história.

É assim que preservamos aqueles que amamos e não estão mais entre nós, assim como elementos culturais, herança de onde nascemos quando estamos longe do lar, através das narrativas do cotidiano. Aquela receita de bolo para a tarde de domingo, fotografias da última viagem antes da formatura, bilhetinhos românticos esquecidos no fundo de uma caixinha decorada. Pedacinhos de você.

Essa história relativamente curta surgiu na minha cabeça depois de anos pensando em escrever mais um livro que fosse diferente dos anteriores e que fosse de uma realidade diferente da minha, talvez agradasse quem se ousar a ler, gostar da minha escrita, mas se incomodar com fragmentos da minha vida que escaparam em outro relato. São vários protagonistas apresentados em diversos momentos.

A partir deles você pode criar o desfecho que quiser, assim como o que veio antes e os moldou para o que eu apresentei. Para onde foram, o que fizeram, como responderam àquelas cartas? Dedico esse trabalho para ninguém por que estou só nesse mundo. Para alguém que se interesse por que sempre vamos precisar quem leia o que a gente escreve, mesmo que seja para detestar, para quem se ver em uma das histórias e se sinta visto, se puder, me escreva de volta.